
CLUBE DE NATAÇÃO DE RIO MAIOR TEM UMA NOVA DIREÇÃO.
PAULA CANADAS É A PRESIDENTE
Numa conversa franca, Paula Canadas deixou-nos saber da realidade do Clube de Natação de Rio Maior, de todas as dificuldades e preocupações, mas também dos anseios e projetos desta nova direção que por enquanto arruma a casa e lida da melhor maneira possível com o Covid.
Paula Canadas deixou ainda um apelo aos riomaiorenses, aos empresários, a todos que queiram apoiar o clube. Deixamos-vos para ler esta aberta e verdadeira conversa que tivemos com a Presidente do Clube de Natação de Rio Maior.
RRM: O Clube de Natação que representa tem uma nova direção, qual é que é o vosso projeto para este mandato?
Paula Canadas: Nós temos várias coisas em mente, mas tudo tem de ser aos poucos, porque há muita coisa que tem de ser modificada. Sabe que a questão do Covid, também, nos tem limitado em termos de provas. Estamos a tentar recuperar, mas pelos vistos poder-se-á tornar, novamente, complicado. Em termos de projetos de futuro, como lhe disse esta época tem sido atípica. Não havia plano de atividades. Eu já estava na anterior direção, mas estava como vice-presidente e assumi em outubro a presidência quando o anterior presidente renunciou, pois estava só eu e outro elemento porque os outros elementos não tinham disponibilidade e então decidi adiar para esta nova direção
esse plano de atividades. A direção, também, tem como objetivo dignificar o espólio do clube, podendo no futuro ser visitado por todos. Estamos, também, a investir nas redes sociais e na página para divulgação de tudo o que vai acontecendo no clube para manter as pessoas ao corrente da atividade do clube. Temos, portanto, andado focados noutro tipo de situações e ainda não fizemos o plano de atividades.
RRM: Mas tem ideia de o construir? Ou o cenário de pandemia tem trazido aqui outro tipo de complicações?
Paula Canadas: Tem, tem, até mesmo logisticamente, porque isto é preciso testes Covid que os atletas têm de fazer. Todos os fins de semana temos tido provas no atletismo, também na natação…, tudo isto obriga a testes de Covid. São mais custos que advém daí e depois declarações para poderem circular, só para ter uma ideia, o atleta que vai para Lisboa para fazer a prova em Paço de Arcos tem de fazer um teste cá para ir no comboio, para que não lhe levantem problemas e depois tem de fazer outro antes da prova. Temos andado focados em tantas coisas que não fazem parte do padrão normal, que atividades mesmo… não está fácil. Queremos ver se na próxima época
conseguimos, pois só faltam 2 meses. Aí será mais fácil, quando tivermos um plano, dizer o que vamos fazer. Agora estamos focados na nossa sede que fica na Freiria, na Escola primária, e precisa de intervenções exteriores e interiores. Estamos focados na atualização da nossa lista de sócios, pois temos de dar contrapartidas, benefícios aos sócios, para cativar as pessoas.
RRM: O Tiago Campos qualificou-se para os Jogos Olímpicos e esse é um excelente início para o seu mandato. Como é que o apoiam e o que é que isso significa para a natação e para as outras atividades?
Paula Canadas: Isso é uma grande questão. Esse é um dos nossos receios. Sabe que hoje qualquer clube alicia o Tiago Campos e com o atleta poderá ir o seu treinador, pois são indissociáveis. Agora, nós como clube não temos capacidade alguma para competir com um clube que possa surgir aí com uma proposta, tipo um Benfica, um Sporting … eu não posso de forma alguma não valorizar e sentir-me grata porque o Município tem- nos apoiado, através do contrato programa e outras situações, pontualmente, que tenha pedido, têm-me apoiado sempre, a Junta de Freguesia e a Desmor também, pois se fossemos contabilizar todas as instalações que usamos, se tudo isso fosse suportado pelo clube, o clube não teria hipótese nenhuma de existir. Apesar de não termos autonomia, nem capacidade para conseguir fazer frente a uma proposta que possam fazer ao Tiago e nesse sentido estamos a tentar promover alguns patrocínios, não serão suficientes, não
temos capacidade de ter autonomia para poder oferecer o que quer que seja ao Tiago de
modo que ele possa ficar no clube.
RRM: Há essa cobiça no Tiago?
Paula Canadas: Neste momento ainda não tenho conhecimento, mas acredito bem que seja possível. Porque ele já está num nível dos melhores do mundo.
RRM: Quais são as expetativas para a participação do Tiago nos Jogos Olímpicos?
Paula Canadas: Em termos de expetativas é de que ele faça o melhor que conseguir. O que nós queremos é que ele consiga o melhor possível, tanto para ele como realização pessoal, porque apesar de como clube não termos capacidade para acompanhar outro clube, a nossa função é, também, de apoiar e não de cortar pernas a ninguém.
RRM: Os atletas são bem apoiados pelo Clube?
Paula Canadas: Essa pergunta seria mais para eles e as pessoas querem sempre mais. Mas dentro do que tem sido possível e mesmo atendendo ao contexto Covid, cada vez que há deslocações e provas, até porque os pais não podem assistir às provas neste momento, pela limitação de número de entradas, tentamos que seja o clube a suportar isso e essa questão é possível pela verba que vem do contrato-programa, se não fosse isso não existia mesmo possibilidade. As mensalidades, também, não são muito abundantes. Só para ter uma ideia no atletismo as mensalidades têm um valor muito baixo e não chegam de maneira alguma para ser uma modalidade sustentável.
RRM: Quais são as modalidades que são prioritárias e como está a ser o desempenho das mesmas?
Paula Canadas: O que eu quero nesta direção é transparência, diálogo e comunicação. Não quero de maneira alguma definir modalidades prioritárias, para mim são todas iguais. Se me perguntar quais são as modalidades que têm mais projeção, aí posso dizer-lhe sem problema nenhum que é a natação e o atletismo, mas em termos de prioridade são todas iguais.
RRM: A Inês Henriques faz parte da sua casa, faz o seu percurso nos 50 km marcha, mas não acha que os Jogos Olímpicos deveriam contemplá-la?
Paula Canadas: Sabe que essa questão provoca sempre uma certa desmotivação no atleta e em relação à Inês Henriques não só provoca desmotivação, mas infelizmente, foi um ano em que ela teve algumas lesões, por isso não está na sua melhor forma, neste momento. A Inês Henriques foi uma das pioneiras para que essa modalidade fosse considerada nos Jogos Olímpicos até por uma questão de igualdade. Se existe a dos homens, por que razão não existe os 50 kms das mulheres?! Infelizmente não foi aceite e agora em relação aos 20 km devido à fase que ela andou menos bem fisicamente, vamos ver porque ela ainda tem hipótese até dia 5 de julho, ainda tudo pode acontecer,
mas devido ao percurso do ano, dificilmente vai conseguir, mas até 5 de julho está tudo em aberto.
RRM: Mas respondendo diretamente à questão que lhe coloquei, não acha que os Jogos Olímpicos deveriam contemplar os 50 km marcha?
Paula Canadas: Sim, deveriam ter respeitado, até por uma questão de igualdade. Se realmente houve o Campeonato do Mundo, houve o Campeonato da Europa, porque não nos Jogos Olímpicos?! Infelizmente o Comité Olímpico não aceitou, não levou em conta e contra factos não há argumentos, quando as pessoas não estão focadas, nem tem interesse em assumir uma posição.
RRM: E ainda em relação à Inês Henriques, como é que senta a Inês, tendo até em consideração a luta que ela tem tido para este objetivo?
Paula Canadas: Essencialmente é a desmotivação. A palavra que define melhor como ela se sente é desmotivação. Porque uma pessoa que realmente consegue os feitos que ela conseguiu e vingar e depois não vê um desejo realizado, daí a desmotivação. Paula Canadas terminou deixando um apelo aos empresários riomaiorenses que quiserem apoiar e investir no clube seriam muito bem-vindos. Mais afirmou que ela própria já contatou a outras entidades oficiais de âmbito nacional e que aguarda resposta com expetativa.
Em nome da Direção de Clube de Natação de Rio Maior, agradecemos o convite esperando que tenhamos estado à altura do esperado pelos leitores do Região de Rio Maior. Aproveitamos para desejar sucessos para o Região de Rio Maior e que este regresso seja durador e proveitoso para os leitores e para todos os riomaiorenses.